DESVENDA OS mitos e esclarece

a indicação e o uso DAS CANETAS

UMA REVOLUÇÃO NA MEDICINA

Em um mundo onde a obesidade e o diabetes tipo 2 representam desafios significativos para a saúde pública, a busca por soluções eficazes e abrangentes é mais urgente do que nunca! Nessa jornada, as canetas de Liraglutida e Semaglutida surgiram como novas ferramentas que mudaram as perspectivas para o tratamento dessas condições complexas.

Em uma entrevista exclusiva, conversamos com a Dra. Ana Gabriela Galesso, uma autoridade em endocrinologia e metabologia, para explorar em profundidade o papel desses medicamentos e seu impacto potencial na saúde dos pacientes.

As canetas emagrecedoras, como a Liraglutida (comercialmente conhecidas como Victoza® e Saxenda®) e a Semaglutida (comercialmente conhecida como Ozempic® e Wegovy®), representam um marco importante para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, tanto devido à sua eficácia quanto aos seus benefícios, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas moléculas cada vez mais potentes. A Dra. Galesso explica que esses medicamentos pertencem à classe dos análogos de GLP-1, hormônios que desempenham um papel crucial na regulação do metabolismo da glicose e do apetite. Sua estrutura química semelhante ao GLP-1 endógeno permite uma ação prolongada, proporcionando benefícios metabólicos duradouros.

Esses medicamentos agem no pâncreas, estimulando a liberação de insulina e inibindo a produção de glucagon no período pós-refeição, regulando assim o metabolismo da glicose. Além disso, têm um efeito na regulação do apetite.

FOME E SACIEDADE X CÉREBRO E INTESTINO

A medicação tem um efeito através do eixo: cérebro-intestino no hipotálamo (nosso centro regulador de fome e saciedade), diminuindo o apetite, além de um efeito de lentificar o esvaziamento gástrico, o que contribui para aumentar a sensação de saciação. A médica explica que atualmente, a Liraglutida é comercialmente disponível com 2 nomes:

• Victoza®️ com indicação em bula para Diabetes com doses de 0,6 a 1,8 mg e vem com 2 canetas na embalagem.
  
• Saxenda®️ com indicação em bula para Sobrepeso e Obesidade com a caneta com doses de 0,6mg a 3mg e vem com 3 canetas na embalagem.
  

Já a Semaglutida, é comercialmente disponível na forma injetável e oral com os seguintes nomes:

• Ozempic®️ com indicação em bula para Diabetes, em canetas de 0,25mg, 0,5mg e 1,0mg, para uso subcutâneo semanal.
  
• Wegovy®️ tem apresentações de 0,25mg até 2,4mg, com indicação em bula para sobrepeso/ obesidade, para uso subcutâneo semanal.
  
• Rybelsus®️ a versão oral da Semaglutida, para uso diário, existindo em 3 apresentações: 3mg, 7mg e 14mg.
  

Mais recentemente foram aprovadas as medicações Mounjaro®️ e Zepbound®️ (Tirzepatida) que pertencem a uma nova classe terapêutica, um análogo dual de GLP-1 e GIP, que são 2 hormônios intestinais. Por ter uma ação nesses 2 receptores, isso proporciona um efeito sinérgico na regulação da ingestão de alimentos e também modula a utilização de gordura, proporcionando a essa molécula uma maior potência. Os estudos já publicados mostraram incríveis resultados tanto no controle da glicose como na perda de peso. Atualmente é a substância mais efetiva para perda de peso disponível no mercado, com resultados comparáveis apenas a cirurgia bariátrica.

TIRZEPATIDA: ATÉ 26,6% DE PERDA MÉDIA DE PESO

Resultados de estudos recentes mostraram que os participantes que fizeram uso da Tirzepatida após intervenção intensiva no estilo de vida em indivíduos sem Diabetes (DM2), com tratamento continuado até 88 semanas alcançaram perda média de peso de até 26,6%.

Em Novembro de 2023, o FDA aprovou seu uso para tratamento de sobrepeso e obesidade comercializado com o nome de Zepbound®️.

No Brasil temos a expectativa que o nosso órgão regulatório ANVISA aprove também a TIRZEPATIDA para essa finalidade.

INDICAÇÃO PARA O USO DAS CANETINHAS

A indicação em bula é para pessoas com Diabetes tipo 2 e para Sobrepeso com IMC maior ou igual a 27 e alguma doença associada ao excesso de peso ou com quadro de obesidade (IMC maior ou igual a 30) e sempre associados a estratégias de estilo de vida.

Vale ressaltar que, os estudos de eficácia e manutenção de peso foram conduzidos com os participantes sob dieta com restrição de calorias e com prática de atividade física. O tratamento medicamentoso faz parte apenas de um dos pilares para uma resposta satisfatória e duradoura, mas esses medicamentos devem ser usados sempre associados às mudanças no estilo de vida.

CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS COLATERAIS

Em relação à contraindicação em bula, não deve ser usada em pessoas com antecedentes ou histórico familiar de Carcinoma Medular de Tireoide e NEM tipo 2 (Neoplasia Endócrina Múltipla). Também é recomendado cautela em pessoas com antecedentes de pancreatite e em casos de portadores de DM2 com retinopatia associada, sendo necessário um monitoramento mais intensivo com exame de fundo de olho.

Muitas pessoas ficam curiosas com os efeitos colaterais. Dentre os principais são os efeitos gastrointestinais, sendo náusea e vômito os mais comuns. Outros efeitos colaterais descritos são: diarreia, constipação, refluxo ou azia, indigestão, flatulência, dor abdominal, dor de cabeça, sensação de fraqueza e cansaço e cálculo de vesícula biliar (comum em pessoas que perdem muito peso).

É importante que o uso dessas medicações, sejam realizados somente mediante prescrição médica e acompanhamento. A avaliação da indicação e o gerenciamento de possíveis colaterais devem ser conduzidos por um médico com experiência no tratamento e manejo dessas medicações. Tratamento medicamentoso para perda de peso não é cosmético e o uso indevido e sem orientação, pode sim trazer grandes riscos à saúde.

Grande parte dos casos de efeitos colaterais mais importantes recentemente noticiados na mídia e com grande burburinho foram casos de indivíduos que estavam usando sem indicação e acompanhamento médico. Uma recente publicação na revista JAMA acendeu alerta para o risco de pancreatite, gastroparesia e obstrução intestinal. Como são medicações relativamente novas, informações acerca da sua segurança a longo prazo ainda são limitadas. Assim, torna-se essencial a realização de estudos de vigilância de longo prazo, para avaliar de forma mais abrangente os riscos e benefícios do tratamento em diferentes grupos de pacientes.

CADA PESSOA TEM UM HISTÓRICO DIFERENTE

Em relação à resposta terapêutica, não é igual para todos, na prática clínica observamos que tem os pacientes que respondem dentro de uma média satisfatória e tem os que saem da curva, ou seja, os muito bons respondedores e também os maus respondedores. Essa diferença na resposta poderia ser justificada em partes pelos diferentes fenótipos da obesidade com diferentes padrões alimentares envolvidos e também pela maior ou menor adesão às mudanças de estilo de vida.

A TRAJETÓRIA DA DRA. ANA GABRIELA GALESSO

É médica endocrinologista e metabologista, com título de especialista pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e pós graduada em Medicina do Exercício e do Esporte. Fez 2 anos de residência médica em Clínica Médica pela Santa Casa de São Paulo e 2 anos de Endocrinologia e Metabologia pelo Hospital Ipiranga.

Há 20 anos atua como endocrinologista e durante toda essa trajetória adquiriu uma ampla experiência no atendimento de pacientes com diabetes e obesidade, que fazem parte da sua especialização e foco de atendimento.

A doutora se aprimora constantemente e se atualiza por meio da participação de cursos e congressos nacionais e internacionais. Atua como médica palestrante e Speaker de alguns laboratórios na área de desenvolvimento de medicações para Diabetes e Obesidade e já fez parte como membro consultivo do Advisory Board da Novo Nordisk no pré lançamento do medicamento Wegovy.

“Como médica envolvida e engajada no tratamento de pessoas com obesidade, considero que o desenvolvimento de medicamentos para combater a obesidade são de extrema importância, visando controlar uma das maiores crises de saúde global.

Mas, embora as soluções farmacológicas ofereçam um caminho promissor, é crucial lembrar que a mudança de hábitos alimentares e a prática regular de exercícios físicos são pilares essenciais no combate à obesidade.

O futuro da saúde depende não apenas das ferramentas medicamentosas, mas de uma abordagem holística e principalmente no poder da educação. A prevenção deve ser a pedra angular da nossa abordagem à saúde”, alerta a @dra.anagabrielagalesso.

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